quarta-feira, 16 de maio de 2012

Peça Nau do Asfalto

A apresentação da peça  Nau do Asfalto por Evinha Sampaio neste dia 15 de maio, semana de luta antimanicomial, foi um sucesso, comoveu a todos os aproximados 50 participantes., não foi possivel descrever os sentimentos e emoções gerados por este monologo que apresenta o mundo da doença social ao lidar com as diferentes manifestações da Loucura e da Lucidez humana. Segue apresentação das fotos tiradas

Se quiserem levar esta peça de teatro até a sua comunidade é so entrar contato por email com a Evinha Sampaio  no endereço mebarea@gmail.com


NAU DO ASFALTO
A Nau dos Loucos, na renascença, era uma embarcação em que se colocavam os loucos e os
carregavam para longe de suas cidades de nascimentos, com o intuito de que reencontrassem a razão.
Um lugar em que não se escondia a insanidade, pelo contrário, era um espaço de aprisionamento fixo
onde o louco tornava-se o errante, o sem pátria, o sem-chão, “A navegação entrega o homem à incerteza de sua sorte” (FOUCAULT, M. História da loucura).


            Na modernidade, esse conceito de existência errante foi substituído pelo de exclusão e  a loucura ou insanidade passou a ser diagnosticada por meio de análises de médicos psiquiatras, e os loucos e/ou estranhos foram submetidos às internações.  Esse confinamento era destinado àqueles que não dominavam a razão, e assim eram presos de forma padronizada.
A internação era utilizada como mecanismo de controle social e eliminação de conflitos morais,
econômicos, políticos...  e a essas populações de insanos eram incluídos, muitas vezes, transgressores, miseráveis, desempregados, ociosos etc., ou seja, todo aquele que não se enquadrasse às regras de convivência social, aos padrões familiares da sociedade burguesa ou às normas da sexualidade consideradas normais.
           Até o início do século passado, os portadores de sofrimentos mentais eram submetidos a uma série de procedimentos, os quais, na época, eram considerados terapêuticos, tais como: camisas de força,quartos-fortes ou prisões-alcochoadas, choques elétricos e operações de cérebro. Na época, a psiquiatria científica, ultilizava a tortura para controlar principalmente os pacientes considerados mais agressivos
Considerando essa forma de tratamento destinada aos sofredores mentais, no Brasil, desde 2002,
acontece o movimento de luta antimanicomial, com a implantação da Lei 10.216/01 que regulamenta a reforma psiquiátrica no país.  Essa lei prevê a desconstrução do conceito de manicômio e sua substituição pelo CAPS – Centro de Atenção Psicossocial.
O que tem acontecido na prática, é que na maioria das vezes, o Sistema Unificado de Saúde/SUS não consegue atender toda a demanda de pacientes que infelizmente são abandonados na rua, desprotegidos do frio, sem comida, sem qualquer garantia de tratamento. Existem, ainda, os casos
daqueles que, por motivos pessoais, se recusam a receber tratamento ou optam pela vida na rua, sem o cerceamento e o constrangimento da convivência familiar. 
A presença desses corpos diferenciados morando nas ruas de São Paulo, que não são catadores de recicláveis, moradores de rua, ou viciados em drogas, nomeados aqui de corpo louco, foi o motivo dessa criação, que leva ao palco a percepção dessa realidade angustiante e vergonhosa.
Essa inquietação provocada por aqueles que sofrem de transtornos mentais nos leva a querer
embarcar nessa Nau do Asfalto e viajar pelo universo dessas pessoas que vagam pela cidade, invisíveis e sem voz.
Esse trabalho, aqui enaltecido,  é fruto de uma investigação pelos espaços urbanos da cidade de
São Paulo, e seu resultado é fruto da observação desse corpolouco, seus discursos e suas relações com o ambiente.  É uma resignificação consciente e, porque não, muitas vezes inconsciente, que tem por objetivo humanizar essa questão e, quem sabe, produzir um debate ético sobre essa aflição que atinge inúmeras famílias em todo o mundo.
Sinopse
Dois passageiros navegam no asfalto. Um viaja no delírio desconexo, confuso, hilariante, louco,
belo e intrigante, com sua lógica própria. O outro desliza, atracado no canteiro central da Av. Pedroso de Morais, um discurso forte, firme, político e crítico.
Sobre a Pesquisa
Em 2010, Evinha Sampaio iniciou sua pesquisa de doutorado, em Artes Cênicas, no Centro de
Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator – Cepeca/ECA/USP, sob a orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva, e coorientação da Profa. Dra. Helena Katz – PUCSP.
              
              A  pesquisatriz partiu da observação do movimento do  corpolouco, o qual foi repetido inúmeras vezes até a naturalização no seu corpo. Em seguida, ela criou uma sequência, acrescentou elementos cênicos e discursos verbais deste corpo. Assim surgiu essa dramaturgia cênica.
http://www.youtube.com/watch?v=-halcyopQDM

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